segunda-feira, fevereiro 09, 2009

O que restou foi Ana.


Era quarta feira quando Ana descobriu que o mundo inteiro amanhecera morto. Todos, exceto ela e seu gato Francisco, estavam falecidos.


Muito se passou pela cabeça de Ana. Ela tonteou. O gato até vomitou.


Ana achou que seria coerente chorar pela ausência repentina de sua mãe e por todos que fizeram parte de sua estranha vida. No entanto, o anseio por compreender o sucedido era maior que qualquer outro sentimento.


Francisco tentava entusiasmar Ana com lambidas de hora em hora, olhares carentes e saliva cheirando a fome. Mas ela estava sempre deitada, sem expressão alguma na face, com uma flor na mão.


Ana não buscava entender porque todos morreram, e sim, porque só restaram ela e seu gato.


Francisco não agüentou e desapareceu. Até hoje Ana não sabe se ele suicidou-se ou se simplesmente foi embora, com um pingo de esperança de encontrar num outro lugar o que não havia mais ali.


Contudo, Ana possuía apenas uma certeza: ser a única a entender, verdadeiramente, o que é solidão.

3 comentários:

mARINA mONTEIRO disse...

eu tenho um certo medo: estamos ficando demasiadamente profundas!!!

Fabiana Lazzari disse...

Genteeeeee....mas como admiro esta pessoa.
Tu estás se revelando uma escritora!
Será a influência do outro boi! hahaha
ADORO.

continues que serás mui grande, dizem que é na prática que aprofundamos nossos dons.

Bjicos
sim...recebo tuas energias com carinho e amor....precisando muito!

Mari disse...

Gostei do texto!!!
Curto, grosse o delicado ao mesmo tempo!
bjuuus