quarta-feira, novembro 04, 2009

de novo sobre liberdade. sobre liberdade sempre.


Ela é tão livre que um dia será presa.

- Presa por quê?

- Por excesso de liberdade.

- Mas essa liberdade é inocente?

- É. Até mesmo ingênua.

- Então por que a prisão?

- Porque a liberdade ofende.


Clarice Lispector.

segunda-feira, outubro 05, 2009

why?

Por que a gente não pode ganhar dinheiro fazendo o que ama?

Por que tem gente que faz o que não ama e fica rico?

Por que é tão difícil?

Por que tem gente que não dá valor pro que a gente ama fazer?

Por que tem gente que vê só glamour onde tem também muito sofrimento?

Por que acham que você só "é"se tiver "lá"

quinta-feira, setembro 17, 2009

Alice


Alice estava sentada na calçada, em frente a sua casa, como era tão habituada a fazer.
Chovia muito, mas Alice parecia não perceber. Talvez porque confundia suas lágrimas com aquela água do céu que não parava de cair.
Indagou-se se o céu chorava com ela. Mas não conseguia ter certezas nem respostas.

Alice nunca gostou de guarda chuva. Sempre lhe agradou o molhado que a chuva deixa na curvinha do pescoço. Quando pequena preferia sua capa de joaninhas a segurar aquele apetrecho tão estranho e grandalhão.
E hoje, especialmente, Alice queria sentir a chuva, pra ver se ela levava embora a dor que estava sentindo.

No fundo, Alice sabia que nem um dilúvio nem ninguém poderia lhe arrancar aquela angústia. E tinha medo que acabassem levando embora grudado, por engano, as lembranças que ela não queria ver partir.

Alice sentia-se imensamente sozinha. Mas preferia assim. Não conseguiria dividir seu vazio com ninguém, tampouco queria tentar esquecê-lo. Não agora.

Alice perguntou-se o que iria acontecer. Perguntou-se o que faria. Perguntou-se por que. Por que. Por- que. Porque....

Alice deitou a cabeça nas pernas e ficou assim por alguns instantes, que pareciam uma eternidade. Sentiu um carinho no seu ombro esquerdo e levantou os olhos. Uma borboleta amarela pousava pacificamente nela. Alice não tentou entender o que ela fazia ali, debaixo daquela tempestade. Apenas lhe deu abrigo próximo ao seu ventre para passarem o resto da madrugada juntas, imóveis e em silêncio.

sexta-feira, agosto 28, 2009

ai que preguiça.

Sabe assim quando uma coisa te incomoda muito. Mas muito. De um jeito que não adianta você explicar, porque as pessoas podem até entender, mas só quem sabe o quantoooooooooo incomoda é você. Só você. Um saber solitário.

Ai eu sei que tem gente que sabe do que tô falando!

Pode ser uma gordura localizada que só você vê. Pode ser uma atitude de alguém. Pode ser a voz de um desconhecido. Pode ser uma mania. Enfim... aquilo que parece tão pequeno e insignificante pra terceiros as vezes é um tormento gigantesco pra gente.
Aí a raça te chama de exagerada, de dramática, de chata. Tá, como diz uma grande amiga minha... "eu sei que eu sou chata", mas as vezes não é isso. É que a coisa incomoda muiiiiiiiiiiiiiiiiiiitoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo mesmo.

E quando a gente não vê saída pra resolver?
E quando a gente não tem dinheiro pra resolver?
E quando a gente não tem estômago ou paciência pra resolver?
E quando não há solução?

ai que preguiça.




sexta-feira, agosto 21, 2009

sobre tudo e sobre nada.

Tô ensaiando um post aqui há um tempinho... assunto gostoso pra escrever até que eu tinha... a viagem inspiradora pra São Paulo, a volta aos estudos acadêmicos, as empolgações projetísticas, as borboletas na barriga, os sorrisos inesperados.... ..... .....

Mas acabava começando, desistindo, adiando, "empreguiçando".

Aí a Manu (uma coisa querida demais que apareceu na minha estradinha) me mandou um textinho agora daqueles que pra algumas pessoas não diz nada e pra outras diz tudo.
Pois pra mim, ele disse tanto!

"Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver..." [Ana C. Jácomo]

Cada frase me fez lembrar alguns seres especiais que moram no meu coração. Me fez sorrir, sentir saudade, brilhar o olho e suspirar.
Me fez pensar como eu queria estar perto do Boi, que faz aniversário amanhã, e ao mesmo tempo sorrir porque eu, de alguma forma, estou.
Me fez lembrar como a presença de algumas pessoas faz curar a alma. E como cada um tem seu cheiro, sua cor e seu sabor.

E entre cólicas e caos, lágrimas e gargalhadas eu tenho novamente algumas certezas....

quinta-feira, julho 23, 2009

ano novo.


Enfim, acabou o inferno astral, começou meu ano novo, idade par.


Fico cada vez mais feliz em perceber que, independente do que os outros acham, eu me sinto mais eu com cada mudança.

Se me achei? Tô me achando... Mas perder-se é sempre necessário também.



"Felicidade é um agora que não tem pressa nenhuma". ( A.F)



E cada vez mais, quem importa fica, quem não era de verdade se vai.
Contar nos dedos me parece cada vez mais legal.
Gratidão é a palavra do dia.

sexta-feira, julho 17, 2009

devolva-me

Por favor,

se alguém me achar, me devolva pra mim.

Grata.

terça-feira, julho 14, 2009

Sobre filhos.



Não, não to grávida e nem pretendo ficar nos próximos bons anos...


Mas é que tenho pensado tanto nisso, por vários motivos....observando a gravidez inesperada de uma grande amiga e a expectativa de outra pra engravidar, filhos de colegas nascendo, amigas da escola com vida de mamãe e, claro, a convivência com a minha afilhadinha.


Brasiiiiiiiiiiiiil, como é lindo e como é difícil ter um filho! E nem vou ficar nos clichês de fraldas, choradeira e grana pra escolinha (não que não seja complicado). É muito mais que isso, é energia, é tempo, disposição. A vida simplesmente se transforma. Um pedaço de você andando pelo planeta. E quando ficarem adolescentes? Que medooooooooo.


Eu que desde que me conheço por gente tenho um instinto maternal absurdo, me pego pensando se vou conseguir ter filhos. Sim, porque querer eu quero, mas eu consigo? Consigo grana (porque eu nem me sustento, quem dirá mais um ser!), consigo ser menos egoísta, consigo dormir nada, consigo ter coragem de colocar alguém que amo demais nesse mundo perdido?


Tá, eu sei que tenho bastante tempo pra pensar nisso. Mas já to começando... é um processo longo. Ahahahahah.


Esses dias fui com a Sofia (coisa linda da dinda) numa festa junina da escolinha. Foi divertido, brincamos um monte, tiramos fotos, ela dançou fofíssima na apresentação, etc. Mas chegou na hora de ir embora e eu tava cambaleando de cansada. Mas OK, porque quem ia dar banho e colocar ela pra dormir era o pai dela....graças a Deus... kkkkkk. Foi então que eu vim pra casa pensando nisso... mas não conclui nada porque desabei na cama, acabada, tipo atropelada! Como os pais conseguem??? Deve ter um segredo, não é possível... alguém explica!!!


Deve ser como meu pai sempre diz.... que pode até ser um clichê, mas acho que é verdade absoluta: “Filha, tem coisas que você SÓ vai entender de verdade no dia que for mãe”.


É, enquanto isso eu vou aprendendo, observando e aproveitando a parte boa dos filhos dos outros....

domingo, junho 14, 2009

Ela.


Ela tá sempre comigo, há muito tempo eu acordo e durmo com ela. Fazemos as refeições, ouvimos música juntas. Assistimos filmes, choramos, nos embriagamos. As vezes ela me sufoca, me aperta. Outrora só me acompanha. Mas faz anos que caminhamos unidas. Um dia cheguei a pensar que ela tinha ido embora, mas me enganei. E hoje eu tenho a certeza de que vai ser assim, pra todo o sempre. Eu e ela, eu caminhando e ela me acompanhando, independente do caminho que eu percorra.
Tem gente que acha que há vários tipos e categorias dela. Eu não sei.... deve ter. Mas na verdade isso não me interessa porque não pode mudar o rumo das coisas. O fato é que um dia eu precisei acolhê-la pra que ela não me matasse. E a partir daí andamos de mãos dadas.
Tem noites que eu queria muito que ela me deixasse, por instantes que fossem. Ela machuca. Tem dias que acordo com ela e abro um sorriso... afinal se ela está comigo é por que foi bom.
Ela é usada lindamente por poetas e também banalizada no mundo maluco de hoje, em que as pessoas não prestam mais atenção no que dizem e escrevem umas pras outras.
Eu sofri suas consequências muito cedo, aos três meses de idade. Tinha febre, mas o médico não detectou doença... "É ela", ele disse... E era ela...
Aos 3 ou 4 anos eu conheci seu significado, mas ela só vinha me visitar de vez em quando. Mais tarde eu a tinha com mais frequência perto de mim, mas geralmente não doía, ela era gostosa, tinha um frescor que eu até admirava.
Foi então que, sem avisar, um dia ela veio e não foi mais embora. Eu quis matá-la, trucidá-la, mas não conseguia. Então a aceitei. Embora ela me maltrate demais às vezes, embora eu ache que ela um dia ainda vai me suprimir...
Eu resolvi abrigar a saudade em vez de fingir que ela não mora em mim.

sexta-feira, junho 05, 2009

o despertar das borboletinhas.....

Ninguém sabe explicar porque que elas nascem só de vez em quando... E muito menos porque as vezes elas perduram por tanto tempo e outrora só por um diazinho, dois.... Será que elas nascem e morrem ou a gente as engole e depois elas só adormecem?
Porque aquele te deixou com as borboletas na barriga mas sozinha, e o outro não deixou nem uma larvinha mas tá sempre por perto?

Não adianta tentar entender.... pra que? não vai mudar nada mesmo.... a sensação sempre vai voltar.... mais cedo ou mais tarde elas despertam ou você as engole, mais uma vez.
Essas borboletas....

Borboletas na barriga, que ficam voando fazendo cócegas na costela e deixam o estômago voando dentro do corpo são deliciosas. Eu adoro. É tão bom quando elas são acordadas e ficam animadas, fazendo uma festinha dentro da gente...
E eu gosto mais ainda quando elas perduram, quando eu percebo que elas continuam fazendo bagunça dentro de mim, quando só com um olhar, uma delas voa ao redor do meu umbigo.

E tem segredo pra elas nunca mais dormirem?
Sei lá eu... acho que elas sempre dormem... é natural... o segredo não é deixar elas sempre acordadas.... e sim, deixar que elas descansem um pouco, mas sabendo como despertá-las depois. Mas isso não é tarefa nossa. Nossas borboletas não nos obedecem.... até porque não teria graça....

As minhas estão agitadinhas. Deve tá rolando uma festa junina das boas na minha barriga....

sexta-feira, maio 29, 2009

a vida é minha.

Minha vida.
Não é nossa vida, a vida da raça, a vida da gente, a vida de todos, a vida do povo.
Não, é minha mesmo. Uma das poucas coisas que é só minha, que eu não posso vender nem emprestar. Minha. Só eu cuido, só eu escolho o que faço dela, só eu vivo. Afinal, a vida é minha.
Incrível é que tem gente que não consegue entender isso, e que quer cuidar de várias outras vidas.... será que só a própria vida já não dá trabalho demais?

Minha vida pode até parecer um sitcom as vezes.
Mas ela definitivamente não é novela pra ser acompanhada.
Mania que as pessoas tem de cuidar da vida do outro!
Eu não vou me fazer de santa e dizer que nunca dei uma espiadinha no orkut alheio, que não curto uma fofoca, que bla bla bla. É claro que sim, é natural do ser humano, e quem diz que não faz é mentira.
Mas aí em acompanhar e ficar julgando a vida alheia já é demais.
Tenho tanta preguiça.
As vezes eu fico pensando que devo ser muito mais legal do que eu penso ser. Que de fora, minha vida deve ser muito mais interessante do que realmente é.
E se a minha vida for ma-ra-vi-lho-sa, porque as pessoas não tratam de fazer as suas ficarem coloridas também, em vez de ficar agorando a do outro pra ficar preto e branco???

É muito fácil julgar alguém. Extremamente cômodo. Criticar a fulana porque ela perdoou ciclano, achar uó que a outra deixou os filhos com o marido e foi dançar e bla bla bla. É otimo destilar veneno.. porque não é em cima do nosso umbigo.
Julgar, criticar e inventar coisas sobre a vida alheia é tão bacana porque olhar pra nossa própria vida não é tão simples assim. A gente começa a descobrir um moooonte de coisas. E tem gente que simplesmente prefere não ver. E aí o jeito é ficar jogando lixo no quintal do vizinho.

"Quem cuida da língua preserva o coração da angústia".

segunda-feira, maio 25, 2009

EU. VOCÊ. ELA. A MÃE.


Opa ;)



quero dividir com vocês e divulgar um blog novo, meu e da Luciana Holanda:





trata-se de um blog sobre o processo de montagem do nosso espetáculo. Um monólogo.....


Quer saber mais? Vai lá...





quarta-feira, abril 15, 2009

Catarina, uma taurina.


Catarina era taurina. Ela não sabia o que isso significa, mas sempre ouvia sua mãe dizer para a vizinha...“Catarina tem esse gênio porque é de touro... e com a lua em sagitário, pra completar”.

Catarina, sempre que ouvia aquilo, tentava buscar explicações pra fala da mãe. Mas a menina só tinha cinco anos. E com cinco anos ela não conseguia entender o que diziam os livros, mesmo já sabendo que os livros geralmente são donos de algumas respostas.

Sobre ela mesma, Catarina sabia apenas algumas coisas. Que tinha uma mão cheia de idade, que gostava de comer sorvete com calda de chocolate, que tinha uma mãe e um pai que não moravam juntos, mas mesmo assim eram seu pai e sua mãe para todo o sempre. Sabia que cachorros devem ficar no quintal, que não se pode sujar o chão com tinta guache, que a noite se dorme e de dia se brinca, que uma pessoa pode chorar de tristeza ou de alegria e que os adultos sabem ser muito esquisitos as vezes. É... até que Catarina sabia bastante coisa. Mas sobre ser uma taurina.....

Ela começou a pensar compulsivamente sobre o assunto, sempre deitada de barriga pra cima, olhando pro alto, enquanto contava e recontava quantos azulejos tinha o teto. Começou a desconfiar então que ela não era humana. Sim, pois se ela era de touro, talvez fosse um touro filhote disfarçado de humana, ou então um filhote touro sendo criado por humanos! Isso lhe colocava um baita frio na espinha... mas essa hipótese não a convencia pois quando ela se olhava na banheira percebia que era igualzinha a todas as meninas da sua rua. E sagitário então? Ela nem sabia que bicho ou coisa era essa...

O que deixava Catarina mais atônita é que ela não tinha idéia se ser taurina era bom ou ruim. Às vezes sua mãe falava isso sorrindo, mas outros dias falava de forma que sua ruga da testa ficava saliente, e aquilo não era um bom sinal.

Quando Catarina fez seis anos, não agüentou. Finalmente desistiu de mirabolar idéias e perguntou pra sua mãe porque ela era uma taurina.
A mãe enrolando brigadeiros com a maior pressa do mundo respondeu: “ Porque você nasceu hoje Catarina, hoje é dia do seu aniversário, dez de maio. Então você é uma taurina”.

A mãe disse aquilo como se fosse a coisa mais evidente e simples do mundo, mas para Catarina aquelas palavras ficaram se esbarrando dentro da cabeça, de um lado pra outro, pra cima e pra baixo.
“E você mamãe, também é taurina?”, perguntou a menina com os olhos cobertos de ansiedade.
“Não Cata, sou leonina, nasci em agosto”, finalizou a mãe, com um meio sorriso no rosto.

E então Catarina, juntando todas as informações que conseguiu colher nos últimos tempos, finalmente percebeu que era tudo muito simples. Havia enfim desvendado que quem nasceu em maio foi trazido até seus pais por um touro, talvez até vários deles. E que quem nasceu em agosto foi trazido do céu (ou seria da selva) por um leão! Assim como tem gente que é trazido por uma cegonha, ela tinha sido trazida por um touro, o que lhe parecia até mais divertido.

É verdade que Catarina ficou ainda um pouco receosa, em dúvida acerca da veracidade de sua descoberta, mas o alívio de achar uma resposta era maior que qualquer coisa.
“E nos outros meses... quem trás?”, pensou curiosa a menina. Ah, mas no fim das contas isso não importava agora, pois afinal ser uma taurina começava a fazer sentido para Catarina. Contudo, ela agora precisava partir para uma nova etapa de sua batalha: achar uma pista sobre que diabos a lua estava fazendo em sa-gi-tá-rio, que não estava no céu, quando ela chegou ao mundo....

segunda-feira, abril 06, 2009

Uma janela para o universo.

- As vezes esqueço de viver.

- As vezes quando se vive é bom esquecer.

- (...)

- Uma vez realizei um sonho, mas esqueci.

- O amanhã em que você sonha, agora é hoje. Talvez por isso você esqueceu.

- Você deve ser como eu. As vezes quando sonho, esqueço de me acordar. Por isso não há como lembrar.

- Acho que é mais do que isso. Enquanto planejo, tudo passa. Por isso não há o que lembrar.

- Se eu não lembrasse, não teria saudades.

- Tenho saudades de casa, tenho saudades de tudo.

quinta-feira, março 26, 2009

m.u.d.e.




Sofia olhava atenta o álbum de quando era pequena, digo, muitíssimo pequena, porque Sofia só tem três anos. Apontou uma foto tirada no dia em que nasceu e perguntou, admirando os olhos azuis de sua mãe:
-Mamãe, quem é essa?
- É a dinda, Sofia!
- A dinda?!? (provavelmente com uma daquelas caras de interrogação incrivelmente espirituosas que só ela sabe fazer...)

Achei muito engraçado o fato de ela me achar tão diferente ao ponto de nem me reconhecer. Claro que nesse caso, isso tem a ver com o corte do cabelo, o emagrece- engroda, etc e tal.
Mas aí, isso me fez parar pra pensar como eu mudei. Como eu tenho mudado e como eu quero mudar tanta coisa ainda. Às vezes tenho a impressão de que quanto mais a gente muda, mais vai vendo o quanto ainda tem pra mudar...
Ô!
“É preciso mudar muito pra ser sempre o mesmo”, já diria uma grande melhor amiga.
E é.

Mas não é fácil mudar, principalmente quando a mudança está ligada a hábitos. Demora. E muito, algumas vezes. Não é fácil mudar, porque mudar pressupõe que você vai chegar novamente ao desconhecido, ao novo, e isso, apesar de poder ser bastante excitante, assusta um bocado.

E aí vem comentários/opiniões variadas do tipo: Como você mudou! (em tom básico, averiguando que você realmente mudou); ou: Ai, como você mudou, ta tão chata, era bem mais legal antes (nesse tom aí que você leu); ou quem sabe: Tá diferente, mudou o que? Hum... não sei, mas ta bacana. (num tom de descoberta, por vezes com um sorriso) E por aí vai......
E Caio Fernando soprou agora no meu ouvido...
"Mudei muito, e não preciso que acreditem na minha mudança para que eu tenha mudado".
E é.

Não adianta... nem sua melhor amiga, nem sua família, nem seu travesseiro jamais terá a real noção de tuuuuuudo que passou dentro de você durante esse “processo”. E a gente até pode tentar falar, postar um texto sobre isso, ir na psicóloga, sei lá... mas não adianta: quando a gente muda de verdade, só a gente sabe como é.



terça-feira, março 17, 2009

o seu olhar......


O seu olhar lá fora

O seu olhar no céu

seu olhar demora

O seu olhar no meu...


O seu olhar seu olhar, melhora melhora o meu...


Onde a brasa mora

e devora o breu

Como a chuva molha

o que se escondeu


O seu olhar seu olhar melhora, melhora o meu...


O seu olhar agora,

o seu olhar nasceu,

o seu olhar me olha,

o seu olhar é seu...


O seu olhar seu olhar, melhora melhora o meu...

quarta-feira, março 04, 2009

O mar de Beatriz.


Beatriz foi à praia na esperança de encontrar respostas.


Sentou em frente ao mar, num lugar mais vazio do que ela mesma. Afundou lentamente os pés na areia morna daquela tarde de primavera.


Tentou relembrar porque ficara tanto tempo longe daquele, que era pra ela tão importante. O mar é, pra Beatriz, como um tipo raro de amigo. Aquele que trás paz pelo simples fato de existir.


Suspirou e fechou os olhos pra ouvir melhor aquele som quase silencioso. Por um instante, quis ficar ali pra sempre. E então suspeitou que não estivesse vazia, e sim, abarrotada.


Deitou espalhando seus cabelos com cheiro de jasmim na areia. Esta lhe acariciava a bochecha. Já Beatriz apertava-a com as mãos bem cerradas, tentando inutilmente deixá-la mais fina do que já era.


Ficou ali imóvel por um momento. Não tinha idéia de quanto tempo passara, mas isso não importava agora, afinal todos os dias Beatriz encontrava um conceito novo pra tentar entender o tempo.


Em um salto ela ficou de pé e se pôs a dançar. Sem ritmo, sem técnica, sem buscar nada. Beatriz só precisava dançar. Girou com tanta verdade que só parou quando caiu de ombros dentro da água.


Riu e chorou. Tudo junto, na mesma intensidade. E assim, mergulhada no mar, Beatriz foi esvaziando, lentamente. Cada lágrima - com ou sem sorriso - que se misturava na água salgada era um espaço ressurgindo dentro de si.


Beatriz então se deparou com uma resposta. As perguntas eram inúmeras, é verdade, mas aquela resposta lhe bastava por hora. E foi naquele dia que ela finalmente percebeu que jamais esteve sozinha. E que, ao contrário do que ela sempre acreditara, não era o vazio que tanto lhe importunava, e sim, o excesso.

sexta-feira, fevereiro 20, 2009

Luísa acordou grávida.


Luísa acordou grávida.

Inicialmente pensou que ainda estava sonhando e resolveu fechar novamente os olhos pra poder terminar de sonhar.


Mas em seguida, assentou a mão na barriga e confirmou o fato surpreendente: ela estava grávida. Com uma barriga incrivelmente esticada, aparentando nove meses de gestação.


Luísa afastou o lençol amarelo que a cobria e, embasbacada, ficou observando seu corpo transformado. Constatou que, inexplicavelmente, uma criança pronta estava ali, no seu ventre.

No entanto, ela não teve tempo de ficar assombrada, de chorar ou de ponderar algumas possíveis explicações sobre o excêntrico ocorrido, porque entrou em trabalho de parto minutos após a descoberta da gravidez.

Alarmada, Luísa se viu sozinha em seu quarto parindo um ser que ela não tinha nem vaga idéia de como se instalara dentro do seu corpo. Sua pele branca antes tão trivial agora se encontrava estirada e repleta de riscos coloridos. Ela pensou em desmaiar, mas desistiu.

Para sua surpresa, não sentia dor alguma. E isso a deixava imensamente confusa, porque Luísa sempre acreditou que as parideiras sentiam uma aflição bem pior que a amargura de um coração partido. Mas ela- em vez de agonia- sentia cócegas, deslumbrantes cócegas no abdômen, nas coxas e nos órgãos internos os quais Luísa mal sabia citar os nomes.

Luísa tentou então respirar de forma semelhante às grávidas que ela sempre via parir nas novelas. Mas não conseguia, pois as cócegas eram tão violentas que ela não arrumava jeito de deter o riso. Então cerrou os olhos e se entregou àquela sensação tão singular, gargalhando intensamente, com cada parte do seu corpo comprido.

De repente o turbilhão parou. Ela sentiu como se estivesse ficando oca e achou melhor abrir os olhos. E foi então que Luísa se deparou com um panapanã de borboletas coloridas saindo de dentro do seu corpo, abandonando seu ventre e voando pelo quarto. Era impossível contá-las ou descrevê-las.

Luísa suspirou. Era a coisa mais extraordinária e delicada que já havia presenciado. Ou melhor, realizado. Ela havia dado a luz à incontáveis borboletas exóticas e agitadas. E estas, como que querendo sentir seu cheiro e receber seu calor, trataram de pousar uma a uma sob seu corpo nu. E então Luísa chorou. Aquele era o carinho mais formidável que podia existir.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

tempo.

"A vida necessita de pausas."
Drummond

"Não tenha pressa. Mas não perca tempo."
Saramago

"O tempo dirá tudo à posteridade. É um falador. Fala mesmo quando nada se pergunta". Eurípedes

"Meu tempo é quando".
Vinícius

“ O tempo é a insônia da eternidade”
Quintana


"Ficar refletindo sobre o tempo me deixa surtada"
Raquel

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

ô....

não procure lógica. mas ela pode ou não existir.
lê porque quer. ninguém é forçado.
gosta se gosta. ou não gosta. pronto.
e se não entende meu bem.... entra na fila.

oi?

Ontem eu descobri a diferença entre ri[sz]oto e carrete[i]ro.
Não sei nem como escreve, mas descobri que as comidas com arroz não tem o mesmo nome....
E redescobri que eu sempre como demais esse tipo de alimento. pra quem pra que pra que ....

Tá, alguém sabe quais são os 7 pecados capitais?
hã hã?
sem olhar no google.
primeiro os pecados legais:
1. gula
2. luxúria
3. preguiça
agora os que já são malzinho:
4. ira
5. cobiça
avareza, inveja, vaidade, orgulho. Ó, já me perdi, e não vale eu olhar né?

ontem, comendo a comida com arroz e carne, e tentando acertar os sete pecadinhos eu fiquei pensando em como a gente é criado pra viver se sentindo pecador e cheio de culpa. Claro que tem vários desses itens aí que são realmente repulsivos.... agora.... ficar taxando a raça de pecadora por conta de qualquer coisa... ah para!! que preguiçaaaaaaaaaaaaa. (ó pequei!)
Vai ver que pecado mesmo foi ouvir o Cd novo do Tijuquera que nem tá pronto ainda. (Lígia?)



[pensei que talvez fosse maluca]


e um banho de banheira pra limpar a alma.
dá fome, como se fosse banho de mar?

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

O que restou foi Ana.


Era quarta feira quando Ana descobriu que o mundo inteiro amanhecera morto. Todos, exceto ela e seu gato Francisco, estavam falecidos.


Muito se passou pela cabeça de Ana. Ela tonteou. O gato até vomitou.


Ana achou que seria coerente chorar pela ausência repentina de sua mãe e por todos que fizeram parte de sua estranha vida. No entanto, o anseio por compreender o sucedido era maior que qualquer outro sentimento.


Francisco tentava entusiasmar Ana com lambidas de hora em hora, olhares carentes e saliva cheirando a fome. Mas ela estava sempre deitada, sem expressão alguma na face, com uma flor na mão.


Ana não buscava entender porque todos morreram, e sim, porque só restaram ela e seu gato.


Francisco não agüentou e desapareceu. Até hoje Ana não sabe se ele suicidou-se ou se simplesmente foi embora, com um pingo de esperança de encontrar num outro lugar o que não havia mais ali.


Contudo, Ana possuía apenas uma certeza: ser a única a entender, verdadeiramente, o que é solidão.

domingo, fevereiro 08, 2009

Delicatessen, delícia.




Eu preciso de música.
Até o Nietzsche acha que "sem música, a vida seria um erro".
E embora meu ser se agrade com variados tipos e ritmos, nos últimos dias tenho preferido as que fazem carinho em meus ouvidos.
uh, delícia.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

mememememememe selololololololo.

Tá, fui indicada pelo Boi pra entrar na brincadeira do meme selo (quem inventou esse nome!?)
Provavelmente eu vou esquecer de alguma coisa, ahahahahah, mas vamos lá.

[ ahhhhhhh, é legal transformar nomes em links.. mas eu já vou deixar ensinado aqui pros meus "indicados" como faz (se bem que eles de certo sabem... eu é que tenho que me atualizar com o Boi, que sabe td de internet. ahaahhaa) Seguinte: escreve o nome da pessoa, seleciona e clika ctrl shift e a. Não é incrível?!

Regras.
- Colocar o link de quem te indicou para o meme-selo;
- escrever essas 5 regras antes de seu meme para deixar a brincadeira mais clara;
- contar seis fatos aleatórios sobre você (essa é a proposta da brincadeira);
- indicar seis blogueiros para continuar a brincadeira;
- avisar esses blogueiros que eles foram indicados.


1. Eu tenho 25 anos e ainda durmo com bichinhos - amigos... Sim, tenho dois, o Cirilo (um carneiro) e o Sansão (um coelho). No inverno o Cirilo é mais adequado porque ele é muito peludo, quentinho.... e ele tem ainda um guarda pijama na barriga. O Sansão foi azul um dia, tá tão velho tadinho, mas é o amigo ideal para o verão porque tem pelos mais ralinhos... querido!
Sempre que viajo eu tento levar um deles comigo.... e quando durmo na casa de alguma amiga, peço um "amigo" emprestado.. algumas já sabem disso e já deixam até um separado especialmente pra mim!!

2. Tenho 2 dedos dos pés grudados. Dos dois pés, mas do direito é bem mais coladinho... Quando eu nasci o médico perguntou se meus pais queriam operar e eles resolveram deixar pra que eu decidisse, caso me irritasse um dia... Mas me ensinaram, desde pequenina a lidar com a situação: Quando alguém fazia algum comentário sobre o tal dedo, eu respondia:- Ele é o meu charminho!!!!! Na adolescência passei a ter vergonha porque meu irmão me chamava de anfíbia e réptil, pra avacalhar comigo.. (acho que ele nem lembra disso, mas EU lembro. ahahahaha).
Hoje eu super sou tranquila com meu dedinho colado. Nem penso em operar pra separar eles, embora sempre alguém me pergunte espantado porque não faço uma cirurgia pra arrumar... Eles não me envergonham nem me incomodam... ao contrário, são o meu "charminho".

3. Eu cresci rodeada de bichos... Sempre morei em casa e tive: galinha, galo, pato, peixe (Felizberto), vários gatos (Chiquitita, Gato, Bob e Kiko), vários cachorros (Benji, Pintado, Totó, Pingo, Lica), porco da índia, papagaio (Rico) e tartaruga (Dori). Sempre adorei os bichos, só não gostava muito de pegar os ovos no galinheiro, eu tinha medo de alguma galinha avançar em mim!
A galinha que eu mais gostava era a Marilu (sim, igual a música...). Até que um dia, minha mãe matou ela pra gente almoçar. Mas, a tarde quando fui brincar perto do galinheiro senti falta da Mari!! Foi então que eu fiz o link e descobri que as galinhas não fugiam do galinheiro e sim que eu as comia! Fiquei arrasada, magoada, e tempos sem querer comer galinha... Não vou contar as histórias de todos os bichos senão isso vai virar novela...

4. Tenho uns prazeres esquisitos, tipo, adooooooooooro mexer no lóbulo da orelha de algumas pessoas. Me dá assim uma calma, um sono. Faço cafuné em mim mesma. Solto "najinha de saliva" debaixo da língua em situações variadas. Tenho também manias: de cantar dirigindo, de falar sozinha (muito), de fazer careta e de aconselhar amigas enquanto lixo insistentemente a unha A propósito, adoro fazer a unha no salão.

5. Eu sou muito chorona. Choro de tristeza e de alegria. Choro de emoção e de saudade. Choro no cinema, choro no teatro. Choro lendo livro. Choro escrevendo. Choro quando me magoam. Choro quando me sinto absurdamente feliz. Choro e as vezes nem sei porque estou chorando. Eu já tive mais vergonha disso, ainda tenho um pouco. Mas a verdade é que eu choro muito.

6. Sou completamente apaixonada pelo mar e por atuar. O contraditório: sou muito, muito insegura pra atuar e confiada demais pra adentrar o mar. A sensação: Me sinto a pessoa mais feliz do mundo quando tomo banho de mar e quando estou num palco ou num set.


e os indicados são... (alguns eu acho que já foram indicados, mas ainda não fizeram, então vou indicar de novo. Como diz o Boi, é só uma indicação e não uma corrente amaldiçoada...)
1. Gegodigo
2.Michelli
3. Dani Olivetto
4. Jully
5. Amélinha
6. Meco


obrigada.
adeus.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Clara.

Um dia Clara acordou estafada.

Sonhara demais, e no sonho ela fez tudo que sempre ansiou fazer acordada.

Sentada na beira da janela com sua calcinha de cerejas, acendeu um cigarro.

Sorria quando o vento fazia carinho na curva do seu ombro. Clara tem apetite de pescoço.

Primeiro pensou que era uma pena que tivesse sido, apenas, um sonho.

No entanto, após a quinta tragada, ela sorriu.

Clara era uma moça de sorte.

Tem gente que nem sonhar sabe.

sexta-feira, janeiro 23, 2009

( ? )

"Quando lê a borboleta
o que voa escrito em suas asas?

Que letras conhece a abelha
para saber seu itinerário?

E com que cifras vai subtraindo
a formiga seus soldados mortos?

Como se chamam os ciclones
quando não tem movimento?"

(Neruda in o Livro das Perguntas.)

PS: ( tem no plural não tem mais acento. isso me confunde tanto)



Há tantas perguntas.
sempre.
creio que:
algumas não tem resposta porque ainda não é o momento de tê-la.
outras não terão nunca.
outras terão várias respostas, ou seriam, nesse caso, hipóteses....
outras podem ser inventadas.
porque verdades inventadas, também são verdades.
basta a gente acreditar nelas.

basta a gente acreditar nelas??


segunda-feira, janeiro 05, 2009

shhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!


ráááááá


alguém avisa que parente nem sempre é amigo. alguém avisa que sangue não é sinônimo de intimidade. não é!! pode até ser que seja as duas coisas. mas aí tem que construir. tem que ter identificação, tem que ter um ingrediente, que felizmente ou infezlimente, não é mágico nem se compra em qualquer esquina.


por isso que os amigos mais especiais que eu tenho e que quero que fiquem pra sempre são leves. porque não tem julgamento, não tem cobrança, não tem um "porque nao me chamou, porque tu não me liga". ai que preguiçaaaaaaaaaaa. quem disse que o amor ( e aqui entram todos os tipos de amores) precisa ser sempre dito e explicado e justificado e blá blá blá whiskas sachê.


shhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!! Não me incomoda!!!
obrigada.




[ eeeeeeeeeee. dois mil e nove. eeeeeeeeeeeeeeee. bem fresquinho....
que seja
levinho, coloridinho, docinho, alegrezinho e bem riquinho.

amém.]