quarta-feira, janeiro 22, 2014

c.f.a

"Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferido, que quase morri, não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingindo dormir ,que tudo está bem, os hematomas no plexo solar, o coração rasgado, tudo bem."

quinta-feira, outubro 25, 2012

agora

Hoje pela manhã, entre um gole de café e um olhar pela janela, tive vontade de escrever. Entrei no blog vagarosamente, com uma súbita vergonha de ficar tanto tempo sem visitá-lo, contemplei a tela branca e solitária e desatei a teclar desenfreadamente um texto sobre o agora. A impressão que tenho é que entre o começo e o fim do minha escrita eu somente inspirei ar uma vez. Foi assim, de sopetão. Assim que registrei a última palavra me chamaram. Deixei ali, sem apego, as palavras e parti. Quando voltei pra elas, percebi que o computador tinha ficado sem energia e dormiu. E com seu sono levou meu texto para a terra do nunca. Fiz ele despertar imediatamente e ele obedeceu. Mas o texto do agora ele não me devolveu. Nem pude ficar magoada com ele porque fui eu quem virei as costas e esqueci as palavras ali. Agora, tento escrever novamente aquele texto. O texto do agora. Digito, apago. Penso, não lembro. Resgato uma ideia mas ela parece esquisita. Sinto uma palavra mas ela me escapa em seguida. É claro. Era sobre o agora. O agora de hoje de manhã já é passado. Agora é agora. E agora eu não consigo mais dizer o que queria sobre o agora.

sexta-feira, julho 13, 2012

Maria e sua(s) verdade(s)

Maria era assim. Sempre foi. Ao menos era como se reconhecia. Pele clara, lábios finos, olhos de Capitu. Ela via a verdade nas coisas. Sua religião era o amor. Tinha mais sonhos que você e eu juntos. Maria era doce e difícil de azedar. Ela olhava nos olhos, de quem quer que fosse. Cachorro, criança, planta. Todo dia ao despertar, ainda de olhos fechados, ela sorria. E respirava profundamente, alongando o pescoço delicadamente pro lado esquerdo. Só abria os olhos quando sentia verdade dentro de si. Maria queria tudo. E ao mesmo tempo não queria nada. E era essa a contradição dela. É difícil ser alguém assim. É dolorido as vezes. Maria amava demais. Amava de todas as formas possíveis. E o mundo não está acostumado com isso. São julgadas as pessoas que acreditam no amor. Andava descalça, enrolava os cabelos no dedo, cantava em francês, mesmo sem saber o idioma. As vezes ela fumava um cigarro com prazer. E depois sentia culpa e pedia perdão pra si mesma por ter feito algo que não era de verdade. Ou era, naquele momento? Maria se sentia muito estranha. Porque suas certezas variavam, até em minutos. Como se a verdade de agora já fosse mentira na próxima linha. É possível isso? Como viver a verdade se ela sofre essa metamorfose, se ela brinca de se esconder, se ela pinta os cabelos em segundos. Está certo que tinham as verdades que não mudavam, aparentemente nunca. Maria as tinha consigo desde sempre e elas estava ali, sempre iguais. Sempre elas, as verdades. Mas e essas que teimam em ser duvidosas. E não são duvidosas, porque tudo que sentimos de coração jamais é duvidoso. É verdade. E como pode então que em algum tempo curto, já não seja a verdade sentida como verdade. Porque não era verdade? Claro que não. Era. Maria.

quinta-feira, setembro 08, 2011

o tempo. e eu.



Duas coisas tem me deixado de cabelo em pé ultimamente: o tempo e eu, eu e o tempo.

O tempo por ser esse senhor tão esquisito, cheio de vontades que faz [quase] sempre o contrário do que gostaríamos. Quer um dia longo, pra ficar grudada no cangote do seu amor, segurando uma taça de vinho? Ok, quando você ver já acabou o dia. Voou. Agora... se você acorda e pensa "tomara que hoje o dia passe bem rápido". Rá, boa sorte senhoras e senhores, seu dia será tão tão longo que voce achará que ele teve 32 horas.

E eu. Eu porque quanto mais eu me descubro mas eu me perco. Quanto mais eu sei, mas dúvidas aparecem. Quanto mais eu acho que estou decididamente me conhecendo, eu percebo que falta muito. E o "tempo e eu" se juntam, porque eu viajo nele. Investigando o passado, remexendo as feridas e resgatando pequenas sensações. Para me entender melhor no presente. E pra, quem sabe, ter um futuro mais sincero e amoroso comigo mesma.
Mas, calma, que o futuro já é muito longe.

Quem sabe um dia, eu aprenda a viver o agora, sem tanta ânsia de colocar o pensamento sempre no amanhã.
E quem sabe assim, o tempo seja um senhor mais generoso comigo.

terça-feira, agosto 09, 2011

era era era.

ela tem tantas interragoções dentro de si que não há espaço pra olhar pra outra coisa agora. sente-se tão esquisita. insegura. pequena. vazia. estúpida. as lembranças vem surgindo. daquela que outrora era ela. pequena. perfeita. um doce. ou não. claro que não. mas era, tinha que ser. você precisa ser perfeita, você precisa ser uma boa menina. Você precisa agradar a todos. tão obediente a menina. e ai, quando perguntam: o que você quer? ela não sabe. porque recebeu um mandato de agradar os outros, e assim, sempre fez o que era pra eles, e não pra ela. e agora?


quarta-feira, abril 27, 2011

o vento


O vento batia em seu rosto e lhe fazia carinho.
Um carinho gelado. um carinho de outono. Leve, como deveria ser a vida.
Se perguntou quando iria parar com essa mania de sempre procurar. De sempre estar a espera ou em busca de. Dessa ânsia de descobrir. De sonhar. De ficar atônita sem motivo. De questionar o tempo todo e não simplesmente ser.
Ela deu um sorriso engatado num suspiro gostoso.
O vento lhe dissera. No seu ouvido. E pediu que guardasse segredo.

quinta-feira, abril 07, 2011

perfume




Vamos perfumar mais a vida?