domingo, junho 14, 2009

Ela.


Ela tá sempre comigo, há muito tempo eu acordo e durmo com ela. Fazemos as refeições, ouvimos música juntas. Assistimos filmes, choramos, nos embriagamos. As vezes ela me sufoca, me aperta. Outrora só me acompanha. Mas faz anos que caminhamos unidas. Um dia cheguei a pensar que ela tinha ido embora, mas me enganei. E hoje eu tenho a certeza de que vai ser assim, pra todo o sempre. Eu e ela, eu caminhando e ela me acompanhando, independente do caminho que eu percorra.
Tem gente que acha que há vários tipos e categorias dela. Eu não sei.... deve ter. Mas na verdade isso não me interessa porque não pode mudar o rumo das coisas. O fato é que um dia eu precisei acolhê-la pra que ela não me matasse. E a partir daí andamos de mãos dadas.
Tem noites que eu queria muito que ela me deixasse, por instantes que fossem. Ela machuca. Tem dias que acordo com ela e abro um sorriso... afinal se ela está comigo é por que foi bom.
Ela é usada lindamente por poetas e também banalizada no mundo maluco de hoje, em que as pessoas não prestam mais atenção no que dizem e escrevem umas pras outras.
Eu sofri suas consequências muito cedo, aos três meses de idade. Tinha febre, mas o médico não detectou doença... "É ela", ele disse... E era ela...
Aos 3 ou 4 anos eu conheci seu significado, mas ela só vinha me visitar de vez em quando. Mais tarde eu a tinha com mais frequência perto de mim, mas geralmente não doía, ela era gostosa, tinha um frescor que eu até admirava.
Foi então que, sem avisar, um dia ela veio e não foi mais embora. Eu quis matá-la, trucidá-la, mas não conseguia. Então a aceitei. Embora ela me maltrate demais às vezes, embora eu ache que ela um dia ainda vai me suprimir...
Eu resolvi abrigar a saudade em vez de fingir que ela não mora em mim.

3 comentários:

mARINA mONTEIRO disse...

suspiro e lagriminha

Lu Holanda disse...

que lindo Quel!!!

simplesmente linda!!!!!!!!!!!

Rodrigo Stüpp disse...

Inscrível como a gente ta longe mas acaba sentindo as mesmas coisas, e às vezes, do mesmo jeito.

Ah, que saudade de conversar contigo sobre coisas boas e simples...

Quero minhas borboletas também. Mas acho q elas viraram rinocerontes no estômago.